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Adaptação Escolar, tempo de Construir Vínculo

“Se a creche/escola for um lugar em que os pais desaparecem subitamente 

Se a creche/escola for um espaço onde a criança é arrancada do colo daqueles que simbolizam a protecção e segurança para si 

Se a creche/escola for um sítio em que a criança chora desamparada, sem sentir empatia e acolhimento de quem a rodeia 

Se a creche/escola for uma zona interdita aos pais, em que a criança sente que aquilo que lhe é familiar não tem ali lugar

Se a creche/escola não procura conquistar a criança, conhecê-la, ganhar a sua confiança para que se construa o vínculo 

Se assim for, a adaptação será dolorosa e prolongada. No fundo, estamos a pedir à criança que se adapte ao que não lhe faz bem. 

A creche/escola precisa de ser um lugar aberto, onde a criança “sente o cheiro dos pais” por também fazerem parte, onde o choro é respondido com colo e empatia, de onde os pais vão embora, mas sem ser inesperado, onde se unem esforços para que o luto (despedida) da realidade anterior da criança seja o mais suave possível, respeitando o seu ritmo, onde não é apenas a criança que se adapta – a instituição também se molda a ela”. (Tânia Correia, 2023)

Assim…

“Nenhuma criança deve ser aplaudida, elogiada ou valorizada por não chorar no período de adaptação à creche/escola, assim como não deve ser criticada, humilhada ou ignorada caso tal aconteça. 

Se não aplaudimos os adultos que escondem aquilo que sentem, os que engolem as emoções para agradar os outros, os que contêm tudo num colete de forças interno, por que o faríamos com as nossas crianças?

A qualidade da adaptação de uma criança não se mede pela ausência de lágrimas. O vínculo – elo que liga o bebé/a criança às figuras de referência – quando é esticado, pode doer. A sensação de não haver outro adulto que a criança conheça tão bem e que tão bem a conheça, assusta, gera insegurança. Chorar é uma resposta saudável a isso.

Actualmente sabemos que as lágrimas contêm encefalina leucina, um analgésico natural. No fundo, por detrás do choro muitas vezes existe uma tentativa de o corpo se autorregular. Impedir este processo é condicionar algo saudável. 

Uma boa adaptação pode ou não implicar lágrimas, pode ou não ter sorrisos imediatos, mas há algo que não dispensa: a criança saber que tudo aquilo que ela sente tem espaço e será acolhido por quem a rodeia.

Aceitarmos as emoções da criança é uma forma de mostrarmos que também a aceitamos. E é assim que o vínculo e a confiança se constroem.” (Tânia Correia, 2023)